ZERØ - ELETRO ACÚSTICO
O ZERØ é um mistério. Em 1989, então no auge, com apenas dois discos de sucesso lançados – o mini LP “Passos no escuro” (1985) e álbum “Carne humana” (1987) – o grupo despediu-se de seu público com shows em São Paulo e no Rio. Sem um motivo claro ou sem se enquadrar naquelas duas razões que, segundo o roqueiro australiano Peter “Midnight Oil” Garrett, costumam acabar com as bandas de rock: drogas e desastres de avião.
Entre 1991 e 92, eles ainda fizeram algumas apresentações fora do eixo Rio-SP mas, a partir daí, interesses divergentes, questões particulares, novos desejos afastaram o cantor e líder Guilherme Isnard de seus companheiros e o ZERØ sumiu do mapa. Ou quase, já que clássicos do pop brasileiro como “Agora eu Sei”, “Formosa”, “Quimeras”, “A Luta e o Prazer”, “Passos no escuro” e “Carne humana” continuaram presentes na programação de rádios mais roqueiras e na memória de muita gente. Não só de quem viveu aqueles anos, como também, para a surpresa de Isnard e companhia, na de um público jovem que sabe de cor o repertório da banda. Isso, apesar de a obra do ZERØ estar fora de catálogo, inédita em CD. O que faz do grupo um dos mais pirateados do Brasil, com cópias em CDR disputadas a tapas nos circuitos alternativos.
“ELECTRO ACÚSTICO”, agora editado pela Unlimited Music, com arranjos e produção do tecladista e saxofonista João Paulo Mendonça (que vinha trabalhando com Isnard desde 1993 nos mais diversos projetos) e do guitarrista Eduardo Amarante (um dos músicos da formação original), vem repor a música do ZERØ no mercado. O CD reúne, em suas 15 faixas, clássicos do grupo e material inédito (como “Em volta do Sol”, parceria de Isnard com Dudu Caribé), confirmando que a volta é para valer. A sonoridade, dosando peso e suavidade, violões acústicos, teclados e percussão, traz para 2001 a essência da banda, reforçando as melodias de suas baladas e de seus rocks. Antes de retornar aos estúdios, Isnard, junto a alguns dos músicos da formação original e a novos instrumentistas, confirmou o carisma da banda em apresentações no Rio e em São Paulo.
Agora, para os shows de lançamento de “Electro acústico”, estão ao lado de Isnard, Eduardo Amarante, o tecladista Freddy Haiat , o baixista Rick Villas Boas – estes três, da formação clássica do ZERØ - João Paulo Mendonça e o baterista Sérgio Nacife. Na gravação de “Electro acústico” o ZERØ contou com as participações especiais de Philipe “Plebe Rude” Seabra (guitarra e vocais em “Heróis”), Bruno “Biquíni Cavadão” Gouveia (vocais em “Heróis”), Misael da Hora (piano acústico em “Quimeras”), Andréa Dutra (voz em “Quimeras”), David Chew (violoncelo em “Algum vício”), André Gomes (sitar em “Carne humana”). Nas bases, também participaram músicos como Fernando Nunes, Gastão Villeroy e Jorge Pescara (baixo), Dudu Caribé (guitarra), Jyothi Palackapilly (tabla) e Beethoven (percussão).
No período longe do ZERØ, Isnard ampliou sua formação como cantor, nos mais diversos gêneros: participou de um tributo ao inglês Bryan Ferry, dividiu o palco com o mestre do samba sincopado Miltinho e recriou clássicos do compositor de sambas Luiz Antônio (autor de sucessos como “Barracão”, “Eu bebo sim”, “Lata d’água” e “Mulher de trinta”). Ele também trabalhou como ator, participando do musical “O abre alas” – no qual interpretava o flautista e compositor Joaquim Antônio Callado, um dos pais da música brasileira, contemporâneo de Chiquinha Gonzaga. Agora, novamente à frente do ZERØ, Isnard retoma seu papel principal, como um dos melhores e mais pessoais cantores do pop brasileiro.
FONTE: (u) urbana web site