VIOLETA DE OUTONO

Quando o Violeta de Outono despertou o interesse da mídia, em meados dos anos 80, sua reputação já era enorme. Ocorria então uma inexplicável onda de rock no Brasil, que formou no seu meio uma razoável estrutura de teatros, danceterias, clubes, inferninhos e outros espaços, francamente inclassificáveis, para abrigar as mil e uma bandas que surgiram de repente.

São Paulo foi a "Meca" do Movimento (mesmo que outras maravilhosas bandas tenham surgido no Rio de Janeiro) e o Violeta de Outono surgiu naquele momento eufórico do rock brasileiro, quando os grupos musicais, na sua maioria maciça, procuravam se assemelhar em sonoridade às bandas de rock inglês que estavam em voga, mas procurando uma identidade própria, aprendendo a compor e a cantar em Português. Os gêneros variavam minimamente: new-wave, pós-punk e o então emergente dark-gótico dominavam a cena.

O Violeta de Outono surgiu com uma proposta incomum, a começar pelo seu formato, um trio. Na história do rock geral, trios são uma raridade e no rock brasileiro o Violeta de Outono é o único, solitário "power-trio" bem sucedido. Depois, a formação cultural e musical de seus componentes, Claudio Souza, Fabio Golfetti e Angelo Pastorello, ia muito além da leitura de paradas de sucessos e audição dos discos incensados pelos semanários ingleses New Musical Express e Melody Maker. Bastou uma série de apresentações ao vivo para que o Violeta de Outono, antes ainda de gravar seu primeiro disco, virasse cult, conservando esse status até hoje, sendo que nenhuma outra banda brasileira fez por merecer tal epíteto.

Numa apresentação no centro cultural São Paulo, em 1995, na primeira aparição ao vivo após uma ausência de quase três anos, mais de 700 pessoas foram vê-los. Três gerações estavam lá, acotovelados e felizes em rever seus heróis tocando aquele envolvente rock progressivo, com influências de música oriental, pop-psicodélica e folk.

Embora algumas vezes a banda passe algum tempo afastada dos estúdios, o Violeta de Outono nunca parou de produzir, tendo novos álbuns sendo lançados periodicamente, e conservando-se afinadíssimo, com um repertório sempre renovado.

Texto: René Ferri, março de 1995

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